Wednesday, May 16, 2007

Santa Ephigênia volta no tempo no verão 2008


Com desfile marcado para o dia 4 de junho, ao meio dia, em Santa Tereza, a grife Santa Ephigênia, de Marco Maia (Foto Alto, à dir.) e Luciano Canale (Foto alto, à esq), homenageia os 200 anos da vinda da família real portuguesa para o Brasil, em sua coleção de verão 2007/2008. ‘’Como o império foi calcado no império greco-romano, a gente vai trazer algo meio romano, tentar puxar tudo que for de feminino e tudo que for de atraente da época. Mas, sempre adaptando ao nosso clima’’, conta Marco.

O desfile que ocorrerá fora da Marina da Glória, apostará em uma coleção mais sóbria. ‘’Só teremos uma estampa. No showroom, teremos várias outras. O desfile é apenas 20% do que acontece na nossa venda de atacado’’, informa Maia.

Sócios desde a criação da marca, em 1995, Marco e Luciano se mostram bem entrosados. As decisões partem de ambas as partes, não apenas de uma. Questionados sobre o processo criativo, Luciano sai na frente e responde. ‘’A gente começa pela cartela de cores e vê mais ou menos as formas. Às vezes surge um tema, que pode ser inspirado em um livro ou numa peça de roupa antiga. Mas, tudo é bem relativo’’, diz Canale, que aposta no look esportivo como tendência mais forte da próxima estação. Além de eleger o preto, branco, prata, dourado e o pele, como as cores da próxima performance da Santa Ephigênia, no Fashion Rio.



Sobre o desfile de inverno 2007, aquele das plataformas de 20 cm, inspiradas nas sandálias venezianas, e que trouxe o vocabulário da arte Nouveau para as passarelas, a dupla, antes de responder, ri. ‘’As modelos não iam cair, porque elas fizeram bem o ensaio. O que aconteceu foi que uma das sandálias arrebentou no camarim. Elas ficaram preocupadas. Quando deram de cara com os fotógrafos e com a imprensa, elas ficaram nervosas’’, fala Marco Maia, que junto com Luciano, escolhe o veludo estampado, pintado a mão, como a peça da marca que é cara do inverno.

Depois do show na passarela, o que seria complicado para outras marcas, Luciano e Marco tiram de letra. Eles conseguem transportar com facilidade o universo lúdico da roupa-show para o ‘’mundo das roupas reais’’. ‘’Quando eu olho um desfile, mesmo que não seja o nosso, eu tento ter um olhar depurativo. Eu vou tirando a bolsa, o sapato, um outro acessório, a maquiagem, o cabelo. No final, 90% das roupas são usáveis. O que a gente faz. Cria famílias dentro da coleção. Tem um vestido estampado, que é desdobrado em saia, casaco, blusa. Enfim, nós fazemos pequenas famílias em cima de uma peça’’, discorre Maia, que releva que os desfiles de inverno 2004 e 2005 são os seus prediletos. Mas, que o primeiro da carreira da dupla é o mais perfeito.

Uma característica forte no trabalho da dupla é o uso de estampas. ‘’Nós usamos estampas desde o início. Gostamos de estampas muito grandes, maximizadas. Hoje em dia é até comum, até por uma questão de tendência. Mas, a gente faz isso desde 1995, sempre pintadas a mão’’, conta Luciano.

Saiba mais sobre a Santa Ephigênia

Marco Maia e Luciano Canale criaram a Santa Ephigênia com o intuito de serem os seus próprios patrões. Além de aliarem essa independência com uma roupa que eles sentissem que tivesse a cara deles. Como antes de ter a marca eles trabalhavam para outras pessoas, a dupla sempre tinha de fazer o que o chefe queria.


A dupla de criadores sabe o que está fazendo e para quem está fazendo. ‘’As mulheres que vestem a nossa marca são bem femininas. Têm entre 25 e 60 anos. Gosta de uma roupa diferente e bem trabalhada. E são mulheres seguras e independentes’’, afirma Canale.

Os estilistas, que curtem o trabalho de Yves Saint Laurent e Vivienne Westwood, esperam que no futuro a Santa Ephigênia venda muito e fique bem rica. E que aumente o número de multimarcas que queiram comercializar as peças da grife, já que eles não possuem lojas. Mas, mantêm um atelier que faz roupas especiais sob medida.

Fotos: Gilberto Junior
Para ler ouvindo: Wave - Tom Jobim

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